quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fichamento de BARTH, F. Grupos Étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, P. Teorias da etnicidade.

BARTH, F. Grupos Étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, P. Teorias da etnicidade. Seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth, Philippe Poutignat, Jocelyne Streiff-Fenard. Tradução de Elcio Fernandes. São Paulo: UNESP, 1998.

Francine Nunes da Silva
Mestranda em Ciências Sociais / Universidade Federal de Santa Maria


Neste capitulo do livro, Barth se interessa basicamente pela questão da diferenciação cultural e conseqüente criação de fronteiras. Conforme o autor, o conceito de etnicidade está relacionado com o sentido organizacional dos grupos étnicos, esses são entendidos como categorias de atribuição e identificação realizadas pelos próprios atores que além de perpetuarem-se biologicamente, compartilham valores culturais fundamentais. O grupo se organiza para interagir e categorizar a si mesmo e o os outros.
Os agentes étnicos, especialmente as associações e círculos, são instauradores de novos quadros de socialização e expressão dos sujeitos e transformam as narrativas étnicas passadas em sinais diacríticos. Esses são, por sua vez, os signos e símbolos que o grupo cria para se representar, mostrar que é deferente e em certo sentido, “que existe enquanto grupo”. São sinais criados ou inventados que oscilam, não são fixos e podem ser negativos ou positivos, isto é, podem ser exaltados ou ignorados, minimizados e negados pelos membros do grupo. São, acima de tudo uma reinterpretação da historia étnica do grupo e dessa forma, são visíveis para os outros.
Barth coloca que o trabalho etnográfico tem de centrar-se naquilo que o grupo reivindica como seu e fundamenta que o grupo étnico deve ser compreendido enquanto um campo de comunicação e interação (sentido weberiano). Além disso, as distinções étnicas não dependem da ausência de mobilidade, contato e informação, nem mesmo da ausência de conflito, pois apesar dos fluxos de pessoas e contatos, as fronteiras e os sinais diacríticos permanecem.
A perspectiva de que a identidade étnica é uma identidade relacional e situacional é explicada a partir da abordagem que sendo os grupos étnicos categorias de atribuição e identificação construídas pelos próprios atores (influencia interacionista), tem-se que, os sinais e signos manifestos, como a língua, a moradia, o vestuário; bem como os padrões de moralidade e excelência, são negados ou exibidos conforme a situação e o contexto. Portanto, de maneira geral, a construção e manutenção das fronteiras étnicas, representam jogos de interesse, em que entram em disputa códigos e diferenças culturais significantes para a comunidade.
Enfim, este texto foi escrito num momento histórico em que as matrizes discursivas estavam preocupadas com a questão da cultura, segundo a qual a origem étnica não seria essencialista, pois a identidade pressupõe o conflito entre o individual e o coletivo, entre o exterior e o interior. Trata-se de compreender como as fronteiras étnicas são mantidas segundo um conjunto imitado de traços culturais que entram em disputa no momento de interação social entre os grupos.

Um comentário:

Unknown disse...

bem interessante esse fichamento, justamente tem uma visão mais coerente de compreender melhor.